terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Lula


CHEGA DE ESTRANGEIRISMOS!

CHEGA DE ESTRANGEIRISMOS!

Agora, no começo do ano que vem, entre em vigor a nova Reforma Ortográfica. Pretende dar unidade à forma de escrever entre Brasil, Portugal, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor Leste. Creio que será uma boa medida. O Brasil começa a se preparar para a mudança ortográfica que, além do trema, acaba com os acentos de vôo, lêem, heróico e muitos outros. A nova ortografia também altera as regras do hífen e incorpora ao alfabeto as letras k, w e y. As alterações foram discutidas entre os oito países que usam a língua portuguesa – uma população estimada hoje em 230 milhões – e têm como objetivo aproximar essas culturas.
Acho muito bom. Ando meio chateado com os ‘excessos’ linguísticos e também com os demasiados estrangeirismos que indistitamente, usa-se por aí. Por isso divido esse artigo com o poeta e músico Carlos Silva, que, a meu ver, acertou em na “mosca” quando escreveu o que vocês lerão a seguir: “Outro dia me convidaram para irmos ao MC DONALD'S comermos CHEESE BURGER. O salão estava lotado e fizemos os pedidos através de um tal de DRIVE TRHU. Os colegas percebendo a minha irritação, disseram: se tu tiver com pressa eles têm um sistema de DELIVERY, maravilhoso. Desacostumado com este linguajar chamei os cabras: vamos'imbora. Seguimos pela avenida HENRIQUE SCHAUMANN, onde pude observar um OUTDOOR, estava escrito: CHINA IN BOX, e uma seta indicativa PARKING, nós não paramos por lá não. Seguimos mais adiante avistamos um restaurante bonito e luxuoso e na porta de entrada uma luz neon piscando escrita OPEN. Quando olhei pro chão, pude ver estampado um capacho a bandeira americana me convidando: WELLCOME. Ao adentrarmos naquele recinto eu pude observar na sua decoração, e nas paredes estavam escrito assim: ICE CAKE, CHEESE EGG, CHEES BURGER e FAST FOOD. Eu pensei comigo FOOD na Bahia a gente USA numa outra situação. Do meu lado esquerdo uma garota tomava uma cerveja numa lata vermelha e azul cuja marca era BUDWISSER. O camarada que lhe acompanhava tomava sua LONG NECK, HEINIKENN. Do me lado direito uma loira bonita peituda falava pro cabra com voz sensual assim: Eu trabalho numa RELAX FOR MAN. E ele pergunta prá ela: Fica próximo do Motel MY FLOWERS? E ela lhe responde: Não BABY, fica junto a NIGHT CLUB, WONDERFUL PENETRACION.
A fome aumentava juntamente com a raiva e eu não sabia se pedia um HOT DOG, ou um simples cachorro quente. Imputecido mais uma vez com aquela situação chamei os caboclos: vamos’imbora. Na saída, o manobrista nos recebe e nos entrega as chaves do nosso possante veiculo: um fusca sessenta e oito fabricado em Volta Redonda na época do presidente Juscelino KUBITSCHEK, ele olha prá mim e me diz: THANK YOU SIR AND HAVE A GOOD NIGHT. E eu usando toda minha simplicidade e educação que aprendi no sertão da Bahia, eu olhei prá ele e lhe disse:
VÁ PRÁ PUTA QUE LHE PARIU! Eu gostaria de falar com o presidente prá cuidar melhor da gente que vive neste país. [...] Sou simples, sou composto, oculto indeterminado, particípio, eu sou gerúndio, sou fonema, sim senhor. Adjetivo, predicado, eu sou sujeito, ainda trago no meu peito este país com muito amor. Lá no centro da cidade quase que morri de fome: tanta coisa, tanto nome e eu sem saber pronunciar. É FAST FOOD, DELIVERY, SELF-SERVICE, HOT DOG, CATCHUPP e eu só queria almoçar!”
É isso aí, minha gente... Vamos aproveitar e desejar Feliz Natal, e não “Merry Christmas”. Vamos festejar o Ano Novo e não “Happy New Year”... O resto, ôxente, é ‘bestage’!

Cláudio Zumaeta - Historiador graduado pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC, Ilhéus – BA) Administrador de Empresas graduado pela Universidade Católica de Salvador (UCSAL, Salvador – BA).

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

UMBERTO ECO COM ACARAJÉ PARA LEMBRAR DINHA E ZÉLIA

UMBERTO ECO COM ACARAJÉ PARA LEMBRAR DINHA E ZÉLIA

Imperdível! Quem gosta da boa (nesse caso magnífica) leitura e saboreia a palavra, como quem degusta um Barolo, o “vinho dos Reis e o Rei dos vinhos”, não pode deixar de ler “A misteriosa chama da rainha Loana” (2004), de Umberto Eco. É a história da memória – substrato também desse artigo – perdida e (re)encontrada nos escaninhos de um tempo esplendidamente revisitado pelo autor.

Nos anos 90, Yambo, – personagem central do livro – depois de escapar de um acidente vascular cerebral (AVC) descobre que perdeu a memória episódica (aquela que guarda eventos datados, relacionados ao tempo) esquecendo-se, portanto, de si mesmo, de sua família, amigos, cores e sabores que o cercavam. No entanto, preservou uma prodigiosa memória semântica (aquela que abrange o significado das palavras), com a qual é capaz de citar poemas inteiros ou trechos de grandes obras e autores de todos os tempos. Desta forma, Eco, vai contando sua história e, simultaneamente, ensinando-nos a apreciar uma boa leitura sem o medo de enfrentarmos um “clássico”. Aprendemos, portanto, com Yambo-Eco muita História, Literatura e Vida!

Do lado de cá, dentro do nosso universo baiano, inquieta-me saber se seremos capazes de preservar na memória os quitutes (acarajé, abará, bolinho de estudante, cocada, etc.) que Dinha fazia com tanto primor. É, estou falando da nossa Dinha, ali do Rio Vermelho, na Bahia, como chamávamos Salvador, que representando as baianas de acarajé, viajou desde a Argentina até a Itália de Eco. Quem foi à Bahia e não provou dos quitutes feitos por ela, é como ter ido a Roma e não ter visto o papa!

Quanto à Zélia Gattai, a nossa Zélia – na Bahia tudo tem um jeito fagueiro de camaradagem bacana –, filha de imigrantes italianos(!), dama-guerreira das letras poéticas e das poéticas histórias que escreveu (Anarquistas, graças a Deus, entre outros), pergunto: esqueceremos que Anarquistas... vendeu mais de 250 mil exemplares no Brasil e foi traduzida para o francês, italiano, espanhol, alemão e russo? E que muito mais relevante que a vendagem e as traduções, Zélia soube como ninguém nos embalar no colo para contar experiências dramáticas? Esqueceremos que Zélia, baiana de coração, soteropolitana por honraria concedida, foi também Comendadora das Artes e das Letras do Brasil?

Dessas reflexões e também da busca pela preservação da memória, que nos une e nos remete ao encontro da Arte e do Belo, lembremos de Friedrich Schiller e Platão, respectivamente: “É somente através da Beleza que o homem faz seu caminho para a Liberdade. “Há sempre um Belo a nosso alcance”. (Obrigado, mestre Pereira!). Contudo, uma coisa é certa: se Yambo-Eco tivesse provado o acarajé da Dinha e lido Zélia, certamente sua memória se recomporia mais gostosamente!

Cláudio Zumaeta - Historiador graduado pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC, Ilhéus – BA) Administrador de Empresas graduado pela Universidade Católica de Salvador (UCSAL, Salvador – BA) e Pós-Graduado em Administração Pública pela Faculdade do Sul (FACSUL, Itabuna – BA). Autor de Cacauicultura: A Ceplac e a vassoura-de-bruxa em Camacan; publicado pela Editus – UESC – BA.

Apedrejando...

Oi gente! Incentivado por minha filha (uma das donas do www.sorvetedemorangoo.blogspot.com), "resolvi" (ou seja, fui pressionado!) abrir esse blog. De agora por diante, procurarei algum tempo disponível (se eu não conseguir, a culpa é de minha filha) para postar algumas idéias.
Espero poder compartilhar textos poéticos, em prosa também e filmes (cinema). Conto que esse blog possa sair por aí reverberando algumas cabeça e/ou idéias interessantes!
Abraços,
Zumaeta.